É curioso como certas coisas que uma vez passaram despercebidas na nossa vida ganham força e sentido de repente. Quem nunca se flagrou emocionado ao ouvir aquela canção velhinha, considerada brega quando a mamãe ouvia e cantarolava?
Há coisas que necessitam uma certa maturidade para serem compreendidas no seu sentido mais profundo. É preciso viver para sentir na pele aquele arrepio ao se deparar com uma obra como essa:
Sempre curti essa dupla, desde muito antes de imaginar a possibilidade de vir morar na terra deles. Ontem, ao assistir o belo espetáculo de grandes amigos num bar em Porto Alegre, me emocionei e senti um calafrio gostoso ao ouvir a interpretação de um deles para Paixão.
Esse é o prazer maior que a arte nos proporciona: a identificação seguida de emoção e todos os efeitos que esta pode provocar numa pessoa minimamente sensível. É um prazer que extrapola questões estéticas. É um prazer que te faz chegar em casa, buscar a canção, ouvir e ouvir de novo, ler e reler a letra, maravilhando-se com o fato de que você também sente aquelas mesmas coisas e também pode dedicar aquelas palavras a alguém.
E tem gente que ainda pergunta para que serve a arte...
"Tens um não sei que de paraíso
E o corpo mais preciso
Que o mais lindo dos mortais.
Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já tocou."