segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Da (in)segurança

Segundo o dicionário:

* insegurança: substantivo do gênero feminino que designa, entre outras coisas, falta de confiança em si próprio; inquietação;

* segurança: substantivo do gênero feminino que designa, também entre outras coisas, firmeza, certeza, convicção; tranquilidade de espírito.

Deixando o dicionário de lado:

Felicidade é poder afirmar com toda a certeza que a inquietação se transformou numa incrível e prazerosa tranquilidade de espírito. Felicidade maior ainda é poder agradecer a uma pessoa especial por ter proporcionado essa transformação.

Discurso de uma pessoa que vive hoje a melhor fase de sua vida e vem aperfeiçoando, dia a dia, a arte de ser feliz.





sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Aos meus amigos


"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim. Para isso, só sendo louco. Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.''

Oscar Wilde

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sarau do Pecado - Benjamim


"Zorza vê Ariela que atravessa a rua num saiote leviano, sob o sol do meio-dia, e pensa que seus encontros já valeriam pelo momento em que ela suspende a coxa para entrar no seu carro. Incrédulo, saboreia a passagem de Ariela para dentro do seu território, numa rara demonstração de que deseja pertencer-lhe. Ariela é orgulhosa e executa de maneira despachada o movimento que, aos olhos de Zorza, transcorre minuciosamente: seu pé esquerdo pisa o tapete de borracha, e o corpo ensolarado vem atrás, pouco a pouco, caindo na sombra por fatias. Se algum dia Ariela lhe concedesse três pedidos, Zorza não teria dúvida: pediria que ela entrasse três vezes no seu carro."

Chico Buarque, em Benjamim (Ed. Cia. das Letras, 2004, p.62)