Hoje foi um dia daqueles.
Feriado nacional. Acordei às 15h, tomei um banho quente e demorado, lavei a louça do jantar da noite anterior e me sentei para assistir ao jogo Uruguai x Inglaterra pela Copa do Mundo. Às 17h, fui elogiada pelo meu sorriso num dia tão banal. Às 18h, fui ao supermercado comprar não as coisas que eu precisava, mas as que eu queria. Entre outros itens, comprei lindos camarões para preparar um estrogonofe especial; comprei aquele sorvete de doce de leite que é o melhor do mundo; comprei um jogo de fondue para curtir o inverno do jeito que eu mais gosto: comendo bem, em boa companhia. Voltei para casa, enchi uma taça de vinho tinto e cozinhei. O jantar foi saboreado com prazer, não apenas porque a comida estava deliciosa, mas porque a tranquilidade do dia conduziu a uma noite ainda mais agradável. Ao fim da noite, fiz as unhas e o cabelo não para ir alguma festa, e sim para, simplesmente, me sentir bonita.
Hoje foi um dia daqueles.
Foi um daqueles dias em nos damos conta de que a felicidade não está lá no final da caminhada. Ela está ao nosso lado, o tempo todo. Nós é que - à espera de acontecimentos grandiosos, conquistas inacreditáveis, aquisições de causar inveja a qualquer mortal - deixamos os singelos momentos de alegria passarem batido. Não percebemos que são esses detalhes que fazem toda a luta diária valer a pena, porque gostamos de pensar que lutamos por coisas maiores do que um simples feriado de Corpus Christi em casa, com boa comida, boa companhia e nenhuma incomodação. Gostamos de pensar e de dizer em alto e bom som que estamos trabalhando muito agora para ter tranquilidade, sossego e felicidade no futuro. Não deixa de ser verdade, é claro. O grande risco é fecharmos os olhos ao que a vida nos proporciona neste exato momento. É o presente que vivemos. O futuro não existe.
Hoje foi um dia daqueles.
Nada grandioso aconteceu na minha vida. Não tive nenhuma surpresa espetacular. Não ganhei um anel de diamantes. Não faturei cem milhões de reais na Mega Sena. Não recebi um prêmio Nobel. Não fui eleita a professora do ano. Não fui a nenhum jogo da Copa. Não fui passar o feriado na Serra. Não fui a nenhuma festa de gala desfilar meus cabelos impecavelmente lisos e minhas unhas vermelhas. Nada disso. Nada de mais. Apenas um dia aproveitado no sossego da minha casa, com simplicidade, com alegria, com amor, com sorrisos...
Hoje foi um dia daqueles em que percebemos que não precisamos esperar para ser felizes amanhã. A felicidade não pode ser apenas uma musa inspiradora, porém inalcançável. Ela é real. Ela existe de fato. E nem precisamos procurar tanto assim. Basta abrirmos os olhos e o coração.