"Quantas foram as miudezas que não combinavam com o conjunto e, na falta de harmonia, abandonei no depósito da infância? E se faltou confiança para restaurá-las ao convívio, faltou coragem para excluí-las em definitivo. Somos o desperdício do que estocamos. Não aprendemos a desaprender. Não doamos nada, nem a palavra passamos adiante. O porão tem vida própria e respira o que jogamos fora. O que refugamos na ceia volta a nos mastigar. Tudo pode fermentar: o forro, os passos, o odor do braço. Tudo pode nascer sem o mérito do grito, como um murmúrio ou estalar de um abraço. Tudo pode nascer, ainda que abafado.”
Fabrício Carpinejar
*Texto citado por uma amiga muito especial, para encerrar uma conversa que me trouxe muitas respostas. (L)
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