sábado, 25 de setembro de 2010

Os desencantos da vida encantada*


Em pleno início de primavera, Bela, aproveitando uma viagem de Fera, decide finalmente oferecer um chá encantado às suas amigas princesas que, depois do ‘felizes para sempre’, seguiram seus caminhos ao lado dos príncipes e afins e nunca mais haviam se encontrado.
Bela, tirando os pelos de Fera dos sofás para não passar vergonha com as amigas, ouve a campainha e supõe ser sua primeira convidada, Rapunzel, que chegou à casa com um ar de aliviada e com os cabelos agora negros e mais curtos do que nunca.
- Meu Deus Rapunzel, mal a reconheci com seu novo visual! O que aconteceu? - Perguntou Bela surpresa à sua convidada.
- Não, aquilo não era vida! Dores de cabeça constantes por um marido que toda noite chegava em casa e exigia subir até a suíte sem utilizar as escadas, mas sim meus cabelos. Não merecia isso, então, alguns meses depois de me casar com o príncipe eu resolvi me atualizar! (...)
Enquanto Rapunzel explicava suas histórias cabeludas e se acomodava em um sofá, Bela foi receber Branca de Neve que sempre se encontrava comendo sua maçã, e Cinderela que chegava tirando seus sapatos de baixo de sua saia, escondidos para que seu marido não os pegasse para usar.
- Olá meninas, há quantos anos não as vejo! Desde o aniversário de João e Maria, suponho. – Disse Bela recordando do último acontecimento que as reuniu.
- É verdade Bela, boa festa aquela! – respondeu Branca, já não tão branca como a neve por seu bronzeamento artificial, recém feito especialmente para o encontro com as amigas.
Antes mesmo das duas princesas entrarem na casa de Bela e se juntarem a Rapunzel que, já sentada no sofá e comendo uns biscoitos, se preparava para o espanto que causaria nas princesas com o novo visual, chegou Chapeuzinho Vermelho aos prantos com sua cesta de doces.
- Bela, não aguento mais, só você para me entender! Além dos pelos emporcalhando a casa, ainda tenho que aturar o Lobo me traindo com a Vovó. É o fim! Por que não podia ter me casado com um príncipe como as outras?
A verdade é que, casadas com príncipes, lobos ou feras, a vida de nenhuma das princesas era fácil e todas estavam cansadas de saber que o ‘felizes para sempre’ era apenas uma frase para finalizar os contos com um ar de fantasia, pois na realidade a expressão não fazia nenhum sentido à frente dos problemas característicos daquelas mulheres.
Chapeuzinho entrou e foi tranquilizada por todas as princesas, mas principalmente por Branca de Neve que, com seus sete maridos anões, já estava acostumada a traições.
No meio de tanto falatório, fofocas sobre as madrastas e bruxas e assuntos a serem colocados em dia, Cinderela ouve um estrondo vindo da entrada da casa e vai ver o que é. Logo ao abrir a porta, se depara com Bela Adormecida caída no chão agarrada a um travesseiro e logo chega à conclusão de que a amiga havia esquecido de tomar seu energético. Cinderela acorda Bela Adormecida e as duas entram conversando sobre a mania que a amiga dorminhoca tinha de cair literalmente de sono. Já na sala, mal a princesa sonolenta cumprimentou as outras, pôs-se a dormir de pé.
Conversa vai, conversa vem, assim a tarde seguiu. Risadas, choros, casos e acasos, amigas como outras, as princesas lembravam do passado e da juventude encantada e acabavam se divertindo com o desencanto e as confusões do presente.

Por Mariana Pesenti


*Esse texto foi escrito pela Mariana, minha aluna do 3º ano do Ensino Médio, para um trabalho de inglês. A proposta era criar uma história, que posteriormente seria traduzida para a língua inglesa e, depois, tranformada em fotonovela. Como sempre, as meninas (Bruna, Camila, Carol, Mari B., Mari P. e Stephanni) superaram minhas expectativas. Achei o conto tão criativo e bem escrito que resolvi publicar aqui, com a devida autorização da autora, é claro. Mal posso esperar para ver o resultado final do trabalho. Parabéns, gurias!






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