sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Invejinha EnTHulhada

Muito por acaso, descobri AGORA um blog pelo qual me apaixonei instantaneamente. Chama-se EnTHulho Musical e é de autoria de Thiago Henrick. Aos que apreciam o melhor da música brasileira, recomendo uma visita. Aos que não se interessam tanto assim, mas estão curiosos para saber a razão do meu encantamento, tomo a liberdade de citar um post inteirinho, que me provocou uma certa inveja, devo confessar. É uma inveja boa, que nos assola quando nos deparamos com uma obra bem feita, que gostaríamos de ter feito nós mesmos.

Ao ler o tal post sobre Chico Buarque, me identifiquei com as palavras do Thiago imediatamente. O texto é muito bem escrito e descreve muito da minha relação com a obra do Chico. Formidável. 

Sem mais blá blá blá, aí vai a cópia, com os devidos créditos ao autor:


A GRIFFE BUARQUE DE HOLLANDA (CRÔNICA)*




Desde pequeno lembro que Chico Buarque representava um sentimento próximo da unanimidade em termos intelectuais. Os mais velhos não admitiam que falassem mal de sua obra, e os mais novos mantinham o respeito à opinião adulta em massa.
A priori, como toda criança, achava Chico “coisa de gente velha” e não via graça nenhuma nas canções. Era comum ouvir “Cálice” no mais alto volume no aparelho de meu avô, e, na minha simplicidade, zombar dos erros de pronuncia “pai, afaste de mim e se cale-se” ou estranhar a parceria com Milton Nascimento em “O que será, que será” - era esquisito ouvir dois homens de vozes tão diferentes interagindo tão bem. Chico só se fazia atraente aos meus ouvidos quando chegava próximo do meu universo infantil cantando as músicas dos “Saltimbancos” ou na acertada parceria com Simone com a bela “Iolanda” (que me remete a uma tia já falecida, que tinha este nome).
Na adolescência, a letra de “Construção” era alvo favorito de análises gramaticais das professoras de português, lembro de lições sobre a mesma na sexta e na oitava série, e até de uma prova que tinha a letra inteira numa questão. E tentar decorá-la foi talvez meu primeiro “encanto” e familiaridade com a obra de Chico. Daí a se aprofundar foi um pulo - com as aulas de História e a criação de alguma consciência política, vieram as identificações com as ideias de Chico, de um bom senso sem tamanho. Passei a saber mais de sua vida. Maravilhei-me com as peças teatrais escritas, os poemas realizados. Encontrei músicas tão políticas, emblemáticas, românticas, verdadeiras, piadistas, sinceras, humanas e divertidas! Jogos de palavras geniais e uma capacidade quase sobre-humana de colocar o eu-lírico feminino em evidência e com uma perfeição espetacular.
Passada a fase do encanto cego, passei a digerir mais o pensamento de que, tudo em demasia, é cansativo. O culto a Chico, de tão grande que se perfez ou inalcançável que se firmou, inevitavelmente trouxe uma “dose de realidade’. Chico não é semideus e, a despeito da grandiosidade de sua obra, é um brasileiro com tantos defeitos quantos forem necessários. É conhecido seu lado mulherengo, verificado até em pequenos escândalos não generalizados, assim como a gente aceita o fato dele, hoje em dia, não lançar nada mais do que o óbvio e enfadonho, querendo justificativa no “já ter contribuído demais com a música brasileira e não precisar provar mais nada”.
O que os fanáticos e admiradores de suas melhores obras precisam enxergar é que a grandiosidade se verifica justamente no Chico humano. O que tem mau humor, o que trai, o que toma decisões políticas discordantes (vi o cumulo: pessoas apoiando Dilma apenas porque Chico disse que votaria nela!). A griffe Buarque de Hollanda às vezes se comporta como “as vitrines” – são atraentes a ponto de chamar muita gente que sequer entende o que se está por trás do produto. Ele não deveria ser quase unanimidade ao ser elencado quando se quer mostrar que é intelectual, a ponto de persegui-lo por todos os seguimentos e parâmetros inimagináveis. O efeito obtido é exatamente o oposto: ao invés de ser chic e Cult, nada mais são do que pessoas vazias e de opiniões copiadas com papel carbono e da profundidade de um pires.
O Chico humano não deveria ser tão formador de opiniões como é. Ele não é muito diferente de tantos cidadãos que estão por aí e, como “gente humilde’, não tem mesmo pretensão de ser! Tem suas opiniões como qualquer outro, até sobre assuntos que não dizem nada a ele, mas não há necessidade alguma de endeusá-lo por conta das glórias de suas obras.
Razoabilidade ainda se pede
!

*Thiago Henrick - EnTHulho Musical - 29 de outubro de 2010.

2010

Um ano que começou com festas, bebedeiras e muitos novos amigos. Janeiro e fevereiro passaram assim, com uma magia toda especial. Naquele momento, era tudo que eu queria; meu ideal de paraíso.

Em março, o que deveria representar um inevitável choque de realidade foi somente uma redução no ritmo desenfreado da curtição. O retorno ao trabalho me obrigou a dar uma sossegada, mas não cessou a loucura dos  finais de semana.

Abril e maio trouxeram uma certa tranquilidade, talvez devido ao fim do verão. Além disso, algumas confusões acabaram por dividir definitivamente o grande grupo de amigos que havia se formado poucos meses antes. O clima de curtição deu lugar a uma atmosfera pesada, que nunca mais nos deixou.

Na virada de maio para junho, sofri com a perda daquela que, durante aproximadamente cinco meses, foi a pessoa mais presente em minha vida; aquela que eu tinha certeza que seria minha melhor amiga para sempre. Infelizmente, uma mancada minha, pela qual não me perdôo até hoje, fez com que ela se afastasse de mim. No fundo, ainda guardo uma esperança de que a situação possa ser revertida ou, pelo menos, amenizada, embora tenha consciência de que isso, sim, será para sempre. Enfim, bola para frente.

Nesse mesmo período, como se fosse alguma força superior mandando um alívio para a tensão, uma outra pessoa surgiu em minha vida e me mostrou, entre MUITOS altos e baixos, a felicidade. Iniciou-se, então, a temporada das complicações, na qual me descobri muito mais persistente e paciente do que jamais imaginei que pudesse ser.

A melhor palavra para definir os dias que se estenderam desde o início de junho até meados de setembro é INCERTEZA. Incerteza para todos os lados. Incerteza esta que, no fim das contas, serviu para fortalecer o que hoje é meu porto-seguro.

Agora, iniciando a última semana do ano e fazendo um balanço de tudo que vivi nesses doze meses, concluo que, apesar de todos os contratempos, a vida tem sido bastante generosa comigo. Dei por encerrada a fase de loucura pós-divórcio. No trabalho, continuo realizada, dando aula na instituição que mostra diariamente o prazer e, às vezes, a inevitável dor de ser professora por opção. Pessoas maravilhosas surgiram e se tornaram indispensáveis; outras, lamentavelmente, tiveram apenas uma breve passagem, mas deixaram suas marcas - sobretudo, aprendizado e muita saudade; alguns laços se estreitaram definitivamente; e até uma amizade que havia ficado para trás foi revitalizada com força total.

Não farei previsões nem projetarei desejos para o próximo ano, pois, como escrevi num outro post, abri mão de planejar o futuro já há algum tempo. Só espero que as conquistas de 2010 se mantenham e que a felicidade do presente permaneça ao meu lado sempre.

E por fim, confirma-se o ditado. Após a tempestade, vem a calmaria. Com todos os nós desatados, aguardo 2011 de coração aberto, ocupado e MUITO feliz.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vida Doce

Marcelo Camelo canta: 

Eu deixo tudo sempre pra fazer mais tarde 
E assim eu caminho no tempo que bem entender
Afinal, faz parte de mim ser assim

Na canção, parece lindo. Viver assim, sem se preocupar com datas e atrasos, é coisa de artista mesmo. 

O problema é que para nós, reles mortais, que vivem sob a pressão dos prazos de entrega, essa mania incontrolável de deixar tudo para depois não é nada poética. Quando chega a hora de encarar todo o trabalho que já deveria estar pronto, mas, por infinitas razões, simplesmente não está, vem o choque de realidade e, com ele, uma certa dose de desespero.

O bom é que, como sempre acontece, no final tudo dá certo. 

E lá vamos nós, mortais desesperados. O prazo está se esgotando, e não podemos mais adiar o trabalho. Mãos à obra. 

Sorte aos meus colegas professores. Que Nossa Senhora dos Cadernos de Chamada ilumine nosso caminho até o final do ano letivo. Amém.