sexta-feira, 13 de julho de 2012

Do silêncio

Ele pode ser constrangedor, mas também pode ser um alívio. Há certos momentos em que é o meu maior desejo. Em outros, minha maior angústia. Às vezes, ele é tão cheio de significado que uma única palavra arruinaria com tudo. Outras vezes, nem todas as palavras de todos os dicionários do mundo seriam suficientes para me fazer compreendê-lo. Há quem diga que nada é capaz de expressar o inexprimível como o silêncio.

Ainda bem que a ambiguidade existe. Ainda bem que tudo pode ser bom e ruim ao mesmo tempo. Ainda bem que as pessoas são diferentes e que elas mudam com o passar do tempo. Difícil seria se todos quisessem sempre o barulho. Igualmente complicado seria se todos preferissem o silêncio constante. 

Ultimamente, tenho desejado profundamente o silêncio e a paz que vem junto com ele. Não sei se é velhice ou só cansaço, mas o fato é que o barulho, o burburinho, a agitação me deixam com os nervos à flor da pele. Talvez seja por isso que eu tenho preferido calar a manifestar certas opiniões para tentar mudar o imutável, evitar o inevitável...

Mas o que fazer quando, sem nenhum aviso, palavras inexplicavelmente pontiagudas entram pelos seus ouvidos e se espalham pelo corpo e pela cabeça, para finalmente escorrer pelos olhos? Este é momento de falar. De revidar. Retrucar. Justificar. E no entanto, nada além dele... o silêncio... 

Não há palavras suficientes para explicar o que acontece do lado de dentro; mas o que vem de fora também não se pode entender. Nessa hora eu gostaria de explodir em palavras; falar, falar, falar... até que não restassem mais palavras a serem ditas. Ao mesmo tempo, não posso evitar me recolher ao meu silêncio particular. Nele eu encontro abrigo, paz e tranquilidade, apesar de tudo. 

O silêncio é sempre uma boa opção, mesmo quando não é a melhor. É preferível não dizer nada do que deixar transbordar a verborragia ressentida, que magoa, fere,  machuca, muitas vezes irremediavelmente. As palavras precisam ser pensadas, elaboradas, organizadas. É preciso sempre levar em consideração o momento em que são ditas. Uma vez lançadas, jamais podem ser retiradas. Já o silêncio, este não requer prática nem habilidade; a qualquer  momento, é bem vindo. Prefiro me arrepender de ter ficado calada a lamentar ter dito coisas desnecessárias, que não poderão ser "desditas".

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