A minha curta experiência de vida tem me mostrado a inutilidade de planejar. De que adianta passar a vida planejando mil coisas se, de repente, não mais que de repente, o acaso sempre termina por nos surpreender, nos sacudir e nos fazer repensar tudo aquilo que tínhamos certeza que daria tão certo?
De acordo com os planos que eu tinha até pouco tempo atrás, eu jamais poderia estar acordada num domingo, às 2h43 da manhã, escrevendo um post no meu blog. Deveria estar aproveitando as poucas horas de sono antes de ter que acordar para a próxima mamada do bebê. Pasmem.
Flashback...
Quando estava no 2º ano do Ensino Médio, em Curitiba, me apaixonei pelo irmão de umas das minhas melhores amigas do colégio. Começamos a namorar e rapidamente entendi que meu primeiro namorado sério era o amor da minha vida. Não podia viver sem ele em hipótese alguma. Estava mais feliz do que nunca. Um belo dia recebo a seguinte notícia: "Filha, vamos nos mudar para Porto Alegre." Chorei, esperneei, disse que não ia. Que escolha tem uma menina de 16 anos? Fui obrigada a acompanhar meus pais.
Numa conversa séria com o namorado, decidimos continuar namorando. Na época, viagens de avião não eram tão baratas como são hoje, mas o que são 12 horas dentro de um ônibus quando estamos morrendo de saudade? Nada! E assim foi. Passei um ano inteiro odiando Porto Alegre, meu colégio, meus professores e colegas com todas as minhas forças e viajando para Curitiba em todos os feriados e finais de semana possíveis. E então vieram os primeiros planos realmente sérios da minha vida: 1) terminar o Ensino Médio em Porto Alegre; 2) prestar vestibular em Curitiba; 3) voltar a morar em Curitiba; 4) arrumar um emprego e cursar a faculdade; 5) casar e ser feliz para sempre com meu grande amor.
Seria um conto de fadas se tudo de fato tivesse ocorrido dessa forma. Só que mesmo uma adolescente apaixonada tem seus lapsos de lucidez. Num desses, me dei conta de que Porto Alegre nem era tão ruim assim; que meus colegas também não eram completos imbecis como eu gostava de pensar; e que meus pais não estavam de todo errados ao julgar que sair de casa, trabalhar e morar longe da proteção deles não era uma boa idéia. Aos poucos, me dei conta, ainda, de que a distância atrapalha muito um relacionamento. E que, se eu já não estava tão disposta assim a sair da barra da saia da mamãe para realizar meus planos, era porque talvez o amor da minha vida não fosse de fato o amor da minha vida. Resultado: em dezembro passado completei 10 anos em terras gaúchas. Ainda bem que na época do vestibular, meu pai me obrigou a me inscrever na UFRGS.
Continuando. Comecei a faculdade aos 17 anos e logo vieram novos planos: estudar muito, fazer mestrado, doutorado, trabalhar, ganhar dinheiro e, só depois de tudo isso, casar, ter filhos e... viver feliz para sempre. Aos 19, não mais que de repente de novo, o amor bate à minha porta novamente. Mas agora era diferente! Estava apaixonada de verdade! Agora sim tinha encontrado meu grande amor. E lá se foram meus malditos planos outra vez.
Cheguei ao final da minha graduação com casamento marcado. Em dezembro de 2005, passei na seleção de mestrado. Em janeiro de 2006, chorei litros no Salão de Atos da UFRGS. Em março, chorei mais alguns litros na Paróquia São Manoel, com vestido branco e buquê de rosas vermelhas. A ordem dos acontecimentos sofreu pequenos ajustes, mas os planos não estavam completamente alterados.
Então, a partir daquele momento, eu era uma mulher casada, formada e empregada. Tudo sob controle. O próximo passo era óbvio: filhos. 25 anos é uma ótima idade para ser mãe. Esse era o novo plano. Casei aos 22. Três anos pareciam tempo suficiente para o casal se organizar e curtir a vidinha a dois antes da chegada do primeiro rebento. Certo?
Certíssimo. Plano perfeito, se não fossem os problemas externos e internos que a gente sempre acha que vai conseguir superar, mas, quando se dá conta, já é tarde demais. Com muita tristeza e frustração, vi meus planos irem por água abaixo mais uma vez. E, logo após completar os tais 25 anos, estava solteira novamente.
Hoje...
Aos 26, permaneço solteira, trabalhando, estudando, me divertindo. Algumas amizades mantidas e cultivadas com carinho. Novos amigos sempre bem vindos e também cultivados com carinho. E os planos? Desisti de fazê-los. Tenho minhas metas e me esforço para cumpri-las. A diferença é que as metas são a curto prazo. A vida é dinâmica demais. De nada adianta decidir o que vai ser dela daqui a 5, 10, 15 anos, se não temos a menor idéia do que vai acontecer nos próximos 30 minutos. O amanhã não passa de uma ilusão. O que existe é o HOJE, o AGORA. Afinal de contas, o futuro depende exclusivamente do que faço no presente. E o presente é cheio de surpresas.
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá...
Chico Buarque
Sabe qual o meu plano?! não fazer mais planos!!! Como vc disse, a vida é muito dinâmica, e até os planos pode mudar =P
ResponderExcluirAMEI!
Bjinhuss
eu te dou o luxo de ouvir meu choro de vez em quando... serve???
ResponderExcluirplanejar é sonhar... é a graça da vida.
ResponderExcluiro interessante é sentir que fazer planos é bom, nos "empurra"... mas que otimo é quando todos os planos mudam e a gente segue vivo, faceiros... e começamos a fazer novos planos... novos sonhos ....
nada somos sem os sonhos e ainda bem que eles mudam ... descobrimos coisas novas... nao ficamos à deriva
pena eu tenho de quem nao se permite sonhar e daqueles que se prendem em um plano a vida toda ....
COmentário pessoal: sim, ainda bem que tu viu que teus colegas nao eram tao imbecis ....
e uma plavrinha ....
FREEEEDDDOMMMMMMMM
Nega Hires, tô aqui pra ouvir teu choro ou rir contigo sempre que necessário! Tu sabe muito bem!
ResponderExcluirNath, quase chorei com teu comentário pessoal agora. FREEEEDOMMMMMM!!!!!!!