quarta-feira, 29 de junho de 2011

The mirror of my dreams...

"Me I'll take her laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is she..."



segunda-feira, 27 de junho de 2011

Welcome Winter with Hot Cocoa!

A cozinha é o espaço da casa que mais gosto depois da cama. Adoro cozinhar, criar receitas próprias, adaptar receitas alheias... Poucas coisas me fazem tão bem quanto ver o sorriso de satisfação das pessoas que amo ao provar algo que eu mesma preparei, sempre com carinho e capricho.

O blog, espaço do qual também gosto bastante, sempre foi uma espécie de consultório sentimental; uma válvula de escape para desabafos, recados subliminares, comemorações. Mas, em mais de um ano de vida do Pecado... , nunca escrevi um post compartilhando uma receita da qual tenha gostado muito.

Assim, para marcar a chegada definitiva do inverno, no primeiro dia de frio desumano, com direito a ventos perturbadores em Porto Alegre, decidi publicar aqui uma receita muito simples que coloquei em prática hoje e fez muito sucesso: chocolate quente. Aquele, cremoso e gostoso, que esquenta e adoça até as almas mais gélidas. 

Lá vai:

Ingredientes
2 xícaras de leite
3 colheres de sopa de chocolate em pó (aquele dos frades... nada Nescau, Toddy ou assemelhados)
4 colheres de sopa de açúcar
1 colher de sopa de Maizena
1 caixinha de creme de leite

Modo de Preparo
No liquidificador, bata o leite, o chocolate em pó, o açúcar e a Maizena.
Leve ao fogo baixo, mexendo sempre, até ficar bem quente.
Antes de ferver, acrescente o creme de leite e siga mexendo até ficar bem cremoso.

Fica uma delícia com chantilly ou, como eu prefiro, apenas umas bolinhas de marshmellow...

E não é que o inverno nem parece tão ruim assim?

Welcome, Mr. Winter!



segunda-feira, 13 de junho de 2011

123 anos do Grande Fingidor




Depois de um alguns dias impregnados de Fernando Pessoa, antes de outros que estão por vir com meus queridos alunos da 8ªB do Guanella, deixo aqui minha homenagem ao poeta português, mestre infinito como o mar infinito. O meu favorito entre os mestres infinitos.

Aí vai uma seleção de trechos de um belo e longo poema, que, de certa maneira, explica um pouco da multiplicidade de personalidades que encontramos em sua obra. Momento de prazer estético inenarrável. Sem mais delongas, voilà.


PASSAGEM DAS HORAS
 
(Álvaro de Campos)

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

(...)

Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

(...)

Vi todas as coisas, e maravilhei-me de tudo,
Mas tudo ou sobrou ou foi pouco - não sei qual - e eu sofri. 
Vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos, 
E fiquei tão triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse. 
Amei e odiei como toda gente,
Mas para toda a gente isso foi normal e instintivo,
E para mim foi sempre a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.

(...)

Sentir tudo de todas as maneiras,
Viver tudo de todos os lados,
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo,
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.

(...)

Eu quero ser sempre aquilo com quem simpatizo,
Eu torno-me sempre, mais tarde ou mais cedo,
Aquilo com quem simpatizo, seja uma pedra ou uma ânsia, 
Seja uma flor ou uma idéia abstrata,
Seja uma multidão ou um modo de compreender Deus. 
E eu simpatizo com tudo, vivo de tudo em tudo.
São-me simpáticos os homens superiores porque são superiores,
E são-me simpáticos os homens inferiores porque são superiores também,
Porque ser inferior é diferente de ser superior,
E por isso é uma superioridade a certos momentos de visão.
Simpatizo com alguns homens pelas suas qualidades de caráter,
E simpatizo com outros pela sua falta dessas qualidades,
E com outros ainda simpatizo por simpatizar com eles,
E há momentos absolutamente orgânicos em que esses são todos os homens.

(...)

Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-me,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.

(...)

Sentir tudo de todas as maneiras,
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus. (...)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

E quem um dia irá dizer...

... que existe razão nas coisas feitas pelo coração?




E quem irá dizer que não existe razão?

A eterna contradição humana!

Há 4, 5 meses atrás, aqui na grande Porto Alegre, o assunto que surgia nos momentos em que não se tinha mais assuntos relevantes era o calor. "Meu Deus, que calor é esse?"; "Esta cidade é um inferno! Quero me mudar para o Pólo Norte!" De fato, o verão por aqui é desumano. Para quem é obrigado a permanecer na cidade, sem poder dar aquela escapada para o litoral, é difícil suportar as temperaturas escaldantes. E o jeito é apelar para o ar condicionado de casa, do supermercado, do shopping... Acordamos pela manhã já suados; tomamos um banho para refrescar e parece inútil. Chegamos ao fim do dia esgotados. O calor cansa.  Mas aquela cerveja gelada no barzinho com mesas na calçada compensa.

Hoje, no início de junho, o inverno nem começou oficialmente, e o frio já está intenso. E agora os tópicos de "small talk" por aqui são "Que frio!"; "Que saudade do verão!"; "Vou me mudar para o Nordeste!". Acordar cedo é uma tortura. Gripes, resfriados, dores de garganta nos derrubam várias vezes ao mês. Para manter o corpo aquecido, café, chocolate quente, vinho tinto, massas, sopas... E, no fim das contas, a gastronomia de inverno é uma delícia. O frio também colabora com a nossa aparência: a maquiagem não derrete; a chapinha não é arruinada pelo suor; casacos, botas, cachecóis deixam as mulheres mais elegantes.

O inverno é a estação da elegância, assim como o verão é a estação da descontração. Cada uma com seus encantos e, é claro, seus desencantos. Devo confessar, que, curitibana de nascimento e de coração, sou muito mais acostumada às temperaturas glaciais do que ao calor sertanejo. Logo, me sinto, de verdade, no mármore do inferno em Porto Alegre, de dezembro a março, mais ou  menos. No inverno, me sinto em casa, por mais que sofra para acordar cedo e seja pega de surpresa por gripes com muita frequência. Ainda assim, tenho feito o exercício de tentar aproveitar as delícias e não me aborrecer com os incômodos de cada época ou qualquer outro aspecto da minha vida.

O interessante é observar o quanto as pessoas são insatisfeitas com tudo que as cerca. Quando está frio, querem calor. Quando está calor, querem frio. Se chove, tem muita umidade; se não chove, é muito seco. Se estão casados, querem ficar solteiros; os solteiros, querem se casar. Se moram no Brasil, sonham em ir para o exterior; os "exilados" só desejam voltar para casa. A lista de antíteses é infinita. 

Por que será que é tão difícil aproveitar o lado bom de cada coisa? Para responder a essa pergunta, só me ocorre citar Machado de Assis: é a eterna contradição humana!