quarta-feira, 8 de junho de 2011

A eterna contradição humana!

Há 4, 5 meses atrás, aqui na grande Porto Alegre, o assunto que surgia nos momentos em que não se tinha mais assuntos relevantes era o calor. "Meu Deus, que calor é esse?"; "Esta cidade é um inferno! Quero me mudar para o Pólo Norte!" De fato, o verão por aqui é desumano. Para quem é obrigado a permanecer na cidade, sem poder dar aquela escapada para o litoral, é difícil suportar as temperaturas escaldantes. E o jeito é apelar para o ar condicionado de casa, do supermercado, do shopping... Acordamos pela manhã já suados; tomamos um banho para refrescar e parece inútil. Chegamos ao fim do dia esgotados. O calor cansa.  Mas aquela cerveja gelada no barzinho com mesas na calçada compensa.

Hoje, no início de junho, o inverno nem começou oficialmente, e o frio já está intenso. E agora os tópicos de "small talk" por aqui são "Que frio!"; "Que saudade do verão!"; "Vou me mudar para o Nordeste!". Acordar cedo é uma tortura. Gripes, resfriados, dores de garganta nos derrubam várias vezes ao mês. Para manter o corpo aquecido, café, chocolate quente, vinho tinto, massas, sopas... E, no fim das contas, a gastronomia de inverno é uma delícia. O frio também colabora com a nossa aparência: a maquiagem não derrete; a chapinha não é arruinada pelo suor; casacos, botas, cachecóis deixam as mulheres mais elegantes.

O inverno é a estação da elegância, assim como o verão é a estação da descontração. Cada uma com seus encantos e, é claro, seus desencantos. Devo confessar, que, curitibana de nascimento e de coração, sou muito mais acostumada às temperaturas glaciais do que ao calor sertanejo. Logo, me sinto, de verdade, no mármore do inferno em Porto Alegre, de dezembro a março, mais ou  menos. No inverno, me sinto em casa, por mais que sofra para acordar cedo e seja pega de surpresa por gripes com muita frequência. Ainda assim, tenho feito o exercício de tentar aproveitar as delícias e não me aborrecer com os incômodos de cada época ou qualquer outro aspecto da minha vida.

O interessante é observar o quanto as pessoas são insatisfeitas com tudo que as cerca. Quando está frio, querem calor. Quando está calor, querem frio. Se chove, tem muita umidade; se não chove, é muito seco. Se estão casados, querem ficar solteiros; os solteiros, querem se casar. Se moram no Brasil, sonham em ir para o exterior; os "exilados" só desejam voltar para casa. A lista de antíteses é infinita. 

Por que será que é tão difícil aproveitar o lado bom de cada coisa? Para responder a essa pergunta, só me ocorre citar Machado de Assis: é a eterna contradição humana!

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